O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, apontou Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), como mandante dos assassinatos. A delação foi divulgada pelo Intercept Brasil nesta terça-feira (23), em reportagem com fontes ligadas à investigação.
Ronnie fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), mas o tratado ainda deve ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o acusado tem foro privilegiado por ser integrante do TCE.
O nome de Brazão já havia sido citado em outubro do ano passado pelo também ex-PM Élcio Queiroz, que está preso e confessou ter dirigido o carro no dia do atentado. Segundo publicou o colunista do O Globo Bernardo Mello Franco, essa delação fez com que o caso Marielle fosse enviado ao STJ, justamente pelo foro privilegiado.
Conforme o Intercept, a principal hipótese é a de que Domingos, que já foi vereador e deputado estadual pelo MDB no RJ, ordenou os assassinatos como vingança contra Marcelo Freixo, aliado de Marielle e ex-deputado estadual pelo Psol. Os dois já teriam travado uma série de disputas sérias, e Brazão chegou a ser citado por Freixo na CPI das Milícias em 2008.
O advogado de Domingos Brazão, Márcio Palma, disse ao Intercept Brasil desconhecer as delações, afirmou que só sabe do caso pelo que acompanha na imprensa e pontuou que seu cliente não é investigado. O próprio Domingos já havia negado participação no crime em entrevistas.
CITADO EM INVESTIGAÇÕES
Durante as investigações das mortes de Marielle e Anderson, Brazão foi envolvido após o depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha.
De acordo com O Globo, a Procuradoria Geral da República pediu a STJ que Brazão fosse investigado por utilizar um policial federal aposentado — seu antigo funcionário no gabinete do TCE-RJ — e induzir Ferreirinha ao falso testemunho.
Ferreirinha acusou o então vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando Curicica como mandantes dos crimes, mas a PF descartou a possibilidade e concluiu que o PM e sua advogada, Camila Nogueira, integravam uma organização criminosa com objetivo de atrapalhar as investigações do caso Marielle.